No início de sua trajetória, no final da década de 90, Rodrigo Godá trabalhou questões da pintura que lhe chegaram através da influência de Basquiat. Operou com elementos figurativos herdados da memória barroca – cruzes, fachadas de igrejas, volutas, ornamentos arquitetônicos e figuras de eclesiásticos – e dava a estas imagens um tratamento meio ingênuo e um cromatismo opaco, rústico. Experimentou ainda citar ícones da história da arte e representá-los apenas com sombras. Depois, já nos anos 2000, seu trabalho achou outros caminhos, passou a deslocar-se entre a pintura e o desenho, assimilou outras informações e assumiu uma postura mais intimista e um compromisso explícito com as bases da visualidade popular. A utilização da linha tornou-se recorrente para delimitar figuras ainda buscadas na história, como pontes, aquedutos, templos e arcos que eram associados com fragmentos textuais. A linha também passou a delimitar a construção de figuras imaginárias, que mesclavam estruturas mecânicas com fragmentos humanos, objetos comuns, instrumentos de desenhos e plantas; figuras de engenhocas cheias de jogos mnemônicos e com aspecto surreal, lírico e lúdico. Rodrigo Godá participou do mapeamento Rumos Visuais do Itaú Cultural e foi premiado no Salão Nacional de Belo Horizonte.

Texto de Carlos Sena Passos