O programa Renda Família da Prefeitura de Goiânia já é realidade e as primeiras famílias contempladas começaram a receber o cartão alimentação em suas residências na última terça-feira (9/3). Com a iniciativa, serão disponibilizadas seis parcelas de R$300, liberadas a cada 30 dias, para a compra de alimentos em mercados de bairro. Com um alcance estimado de aproximadamente 24 mil famílias em situação de vulnerabilidade, serão injetados mais de R$40 milhões no comércio local.

Para atender a todas as regiões de Goiânia, foram cadastrados 650 estabelecimentos comerciais espalhados pela cidade, que serão impactados com um acréscimo de mais de R$7 milhões em vendas ao mês. Ressalta-se que a maior parte da circulação desses recursos ocorrerá em regiões periféricas, onde o impacto da pandemia é sentido de maneira mais severa tanto pela comunidade como pelos pequenos e médios comerciantes.

O doutor em Economia pela Unicamp e professor da Universidade Federal de Goiás (UFG), Everton Rosa, avalia que o programa de transferência de renda é muito bem vindo nas condições de pandemia. “O primeiro impacto é sempre o humano, garantir renda numa situação em que a atividade econômica é afetada tanto pela pandemia, quanto pela não superação da derrocada econômica em vigor desde 2015.”

Segundo o economista, tal como o Bolsa Família e o recente auxílio emergencial federal, o Renda Família pode ter efeito positivo sobre a economia local, tendo em vista a cadeia de demanda efetiva, isto é, as transferências de renda deste tipo, permitem sustentar o nível de gasto das famílias (consumo) e, assim, o faturamento das empresas. “Evidentemente, o foco do auxílio é mais humano que econômico, mas sem dúvida é benéfico economicamente”, analisou.

Para a economista Andréia Magalhães de Oliveira, ao subsidiar as famílias que estão sem condições de sobrevivência, o programa também “garante muitos empregos e a renda daqueles que estão operando na área de comércio essencial. Além disso, mantém um ciclo de consumo que é positivo para os resultados como um todo”, disse. A especialista destaca o cunho de confiança de uma manutenção ainda que mínima da “dignidade em um momento de crise sanitária mundial”.

Pior momento da pandemia

Compromisso de campanha, o primeiro programa de transferência de renda da história de Goiânia torna-se realidade no que tem sido considerado por especialistas como “o pior momento da pandemia”, e em meio aos esforços para a retomada do auxílio emergencial da União de cerca de R$ 250 por pessoa. A expectativa é que o valor, menor que o auxílio pago pela prefeitura de Goiânia, comece a ser pago ainda neste mês, com a aprovação da Proposta de Emenda à Constituição 186/2019, a chamada PEC Emergencial.

O cientista político Guilherme Carvalho lembra que os programas de transferência de renda promovem cidadania e garantem ânimo à economia. “Garantir que as famílias mais carentes tenham pelo menos o mínimo para sua subsistência”, resumiu o cientista, ao pontuar que a diferença entre ter o que comer e não ter o que comer é o primeiro ponto. “O segundo ponto é reaquecer a economia que está bastante afetada pelos desdobramentos da pandemia”, completou.

“A inclusão abrange os pequenos comércios, em especial o comércio varejista de bairro, que serão reanimados pouco a pouco por esse programa de transferência de renda promovido pela Prefeitura. Então, sem dúvida alguma, é uma baita ajuda em um momento extremamente delicado para o mercado e para a cidadania que está extremamente abalada em decorrência dos desdobramentos da pandemia”, finalizou o cientista social.

Inscrições seguem abertas

As inscrições para o Renda Família podem ser feitas até o dia 31 de março por meio do site da Prefeitura de Goiânia (www.goiania.go.gov.br). Basta preencher o formulário, apresentar a documentação requerida, concordar com o Termo de Aceite e aguardar análise da Secretaria Municipal de Finanças (Sefin). A tramitação do processo pode ser acompanhada também pela internet, por meio do login e senha criados no ato da solicitação.

Lívia Barbosa, da Diretoria de Jornalismo