Um ciclo de palestras de alerta sobre abuso de sexual infantojuvenil foi encerrado nesta quinta-feira (28/05) pela Prefeitura de Goiânia, por meio da Secretaria Municipal de Saúde (SMS). A atividade foi realizada via live, em referência ao Dia Nacional de Enfrentamento ao Abuso e à Exploração Sexual de Crianças e Adolescentes, celebrado no dia 18 de maio, e contou com a parceria do Fórum Goiano de Enfrentamento a Violência e Exploração Sexual Infanto Juvenil e da Rede de Atenção a Crianças, Adolescentes, Mulheres e Idosos em Situação de Violência de Goiânia.

Durante a live, que foi idealizada pelo Núcleo de Prevenção a Violência e Promoção da Saúde (NVVPS) da SMS, a diretora de Vigilância Epidemiológica, Grécia Carolina Pessoni, lembrou que foram realizadas um total de 13 lives sobre os mais diversos assuntos relacionados ao assunto. “Nesse período, especialistas debateram todos os aspectos que envolvem esse tema tão triste e revoltante, mas que é uma realidade nos lares, inclusive da nossa cidade”, pontou Grécia, acrescentando que todas expectativas em relação às lives foram superadas.

“Como a programação deste ano foi totalmente virtual, conseguimos alcançar um número bem maior de pessoas. Hoje, por exemplo, tivemos participação de pessoas de diversos estados, entre eles, do Distrito Federal, Pernambuco e Bahia”, afirmou a diretora de Vigilância Epidemiológica. Somente hoje, pelo perfil da Prefeitura de Goiânia, a live no Facebook alcançou mais de 2,5 mil pessoas e no Instagram o alcance foi de mais de 1,9 mil pessoas, um total de mais de 4,4 mil internautas tiveram acesso ao conteúdo.

A médica sanitarista Marta Maria Alves da Silva apresentou os dados do NVVPS, que registrou em 2019 um total de 2.833 notificações de violência contra pessoas em geral, sendo que 1.885 (66,5%) de residentes do município e desse total 50% (942) correspondem a crianças e adolescentes de zero a 19 anos. A violência sexual foi registrada em 27% dos casos, totalizando 255 notificações. Segundo ela, há ainda muita subnotificação. “Precisamos quebrar esse ciclo de violência, levando em consideração que a maioria dos casos acontece dentro de casa e o agressor costuma ser alguém de confiança”, refletiu.

Já a psicóloga da SMS Maria Aparecida Alves lembrou que a maioria dos casos de violência sexual contra crianças e adolescentes é do sexo feminino (80%), da raça negra (61%) e residentes na região urbana (95%). Aproximadamente 40%, conforme as notificações do núcleo, ocorreram mais de uma vez e 9% das vítimas com algum tipo de deficiência ou transtorno.

Conforme Maria Aparecida, que atua com tema há 23 anos, os números são alarmantes e algumas crianças, principalmente em tempos de pandemia e que precisam cumprir o isolamento social, estão ainda mais vulneráveis. “As crianças negras, indígenas e as que vivem em vulnerabilidade social são as que precisam de mais atenção”, citou a psicóloga, alertando que esse assunto não pode entrar no esquecimento e que existem os canais específicos para denúncias, como o Disque 100, os conselhos tutelares e a Delegacia de Proteção à Criança e ao Adolescente do Estado de Goiás (DPCA-GO).

Mauro Júnio, da Diretoria de Jornalismo
Foto: Kamilla Oliveira