Justiça determina pagamento de impostos devido à prefeitura
Última atualização em 24 abril 2020 às 10h49
Tribunal de Justiça de Goiás nega prorrogação do vencimento de tributos enquanto vigorar Decreto Federal de Calamidade Pública. Calendário fiscal de Goiânia está mantido

Os impostos devidos à Prefeitura de Goiânia devem ser pagos dentro dos prazos definidos pela Portaria Nº 197/2019, que fixa o Calendário Fiscal aplicável aos tributos municipais para o exercício de 2020. A decisão é do Tribunal de Justiça de Goiânia (TJ-GO), em resposta à pedido feito por uma empresa para alterações nas datas de vencimento de tributos enquanto vigorar o Decreto Municipal de Calamidade Pública. O desembargador Walter Carlos Lemes, presidente do TJ, no entanto, entende que a prorrogação dos prazos provocaria “grave lesão à economia pública” e violaria o interesse público num cenário onde há grande elevação nas despesas com saúde em decorrência da pandemia provocada pelo Coronavírus (Covid-19).
A empresa, que atua no setor de educação superior, acionou o poder judiciário para prorrogar os vencimentos do Imposto Sobre Serviços (ISS) referente ao período de março a julho, bem como para postergar por 90 dias os parcelamentos tributários que ela tem em vigência, referentes a impostos devidos e não pagos entre 2014 e 2018. Ambos os pedidos foram negados. A concessão, segundo o desembargador, implicaria “em nítida possibilidade de dano à economia e à ordem pública, notadamente diante das mudanças no cenário socioeconômico do país em decorrência da situação de emergência em saúde pública com o novo Coronavírus. Como efeito, a grave lesão à economia é reforçada pela inegável possibilidade de efeito multiplicador de pedidos idênticos, visto que empresas diversas poderão pleitear a mesma abstenção”, concluiu. Antes, o pedido da empresa havia sido acatado liminarmente pela 4a Vara da Fazenda Pública.
Para a suspensão da liminar, a Procuradoria Geral do Município de Goiânia (PGM) apresentou ao poder judiciário a análise do cenário socioeconômico da Capital; alegou que a empresa não comprovou insuficiência financeira para honrar com os compromissos fiscais preestabelecidos; demonstrou a essencialidade dos impostos para fins de existência de receitas suficientes à implementação de políticas de saúde; além da taxatividade legal dos Códigos Tributário Nacional (CTN) e Municipal (CTM) no que tange ao fato gerador e às datas de pagamento expressos em lei, que impõem aos contribuintes a obrigação de quitar as obrigações fiscais dentro do prazo legal. Segundo a PGM, os tributos retratam a principal fonte arrecadatória do Estado. Eventuais medidas liminares ou decisões judiciais de méritos que atentem contra a arrecadação, no atual contexto atingiriam diretamente o plano estratégico do Município de Goiânia para o enfrentamento da crise causada pela pandemia do Covid-19, refletindo de forma imediata em serviços públicos essenciais.
Estudo realizado pela Secretaria Municipal de Finanças (Sefin) aponta que só este mês a queda na arrecadação deve chegar a R$ 54,6 milhões. Se considerado o impacto das alterações nas datas de pagamento do Simples Nacional, decidida pela União, e do Imposto sobre a Propriedade de Veículos Automotores (IPVA), feita pelo Governo de Goiás, a queda deve atingir a casa dos R$ 78 milhões. Só nos primeiros 17 dias úteis após a vigência do decreto estadual que impôs à população isolamento social preventivo, a arrecadação da Capital recuou 24,48%. Diante desse quadro, o poder público municipal adotou, no último dia 13, procedimentos emergenciais para reduzir em aproximadamente 15% o custo mensal da remuneração dos quase 50 mil servidores municipais, ativos e inativos.
As medidas, que visam salvar vidas, minimizar o reflexo econômico da crise mundial e preservar a qualidade dos serviços prestados aos goianienses, são respostas à perda brusca de receita. Os esforços da Prefeitura de Goiânia são para garantir a disponibilidade de caixa necessária à proteção da saúde dos munícipes e à manutenção em dia dos salários dos servidores públicos, inclusive da equipe que trabalha na linha de frente do combate à pandemia, como médicos, enfermeiros e garis.
“As medidas adotadas agora são circunstanciais e necessárias. Precisamos garantir investimentos onde hoje é necessário e que a prefeitura continue funcionando. Nossos esforços são para assegurar recursos para Saúde, assistência social, funcionamento dos serviços e os salários dos servidores. No início da gestão, também precisamos tomar medidas enérgicas para conter o déficit e deu certo”, avalia o secretário de Finanças de Goiânia, Alessandro Melo. No dia 17 de março o poder público já havia contingenciado R$ 133 milhões, restringido as despesas de custeio, suspendido a emissão de novos empenhos e vedado a realização de obrigações cujos pagamentos afetem as disponibilidades orçamentária e financeira.
A Secretaria Municipal de Finanças, inclusive, criou um sistema de monitoramento das perdas de receita e dos atenuantes que podem compensá-las. O objetivo é, a partir dessas informações, definir as medidas que devem ser adotadas para garantir os recursos necessários à proteção a vida dos munícipes, à assistência social e à remuneração dos servidores públicos, mesmo em caso de agravamento da crise.
Giselle Vanessa Carvalho, da editoria de Finanças