Funcionária da Companhia de Urbanização de Goiânia (Comurg), há 16 anos, Flávia da Silva, de 48 anos, considera o Dia da Consciência Negra, celebrado no dia 20 de novembro, uma data importantíssima “para lembrar ao mundo que a gente também existe”.

Segundo Flávia, aos negros são reservados papéis secundários na sociedade ou associados ao banditismo. “Há dois anos entrei em uma loja aqui em Goiânia e ouvi a dona falando para a funcionária ‘ficar de olho na neguinha, pra ela não roubar’. Fiquei totalmente sem reação, só conseguia chorar”, relembra.

Nas ruas, trabalhando na varrição, ela conta que também já ouviu comentários totalmente inadequados. “Um rapaz passou e ao me ver trabalhando no sol, perguntou: ‘A escrava não ganhou alforria, não?’. Acredito que ele não falou com intenção de me magoar, mas magoou. Precisamos dar um basta nisso, varrer o racismo pra longe daqui”, afirma.

Na Comurg, a colaboradora se diz realizada e respeitada pelos colegas – postura que espera da sociedade como um todo. Para Flávia, a mudança é possível. “Falta espaço para os negros nas escolas, nas faculdades e nas empresas”, assinala.

Apesar das dificuldades, se olha no espelho e fica satisfeita com o que vê: “Sinto orgulho demais de ser negra. Eu me amo. Sinto admiração pela cor da minha pele”. Nos momentos de tristeza, ouve sua canção preferida: Um Novo Vencedor, da Damares.

Outro “remédio” a que recorre são as séries de humor com atores negros. “Adoro ‘Eu, a patroa e as crianças’. Sou muito fã do ator que faz o Michael (Damon Wayans), ele é um negro talentoso, lindo e divertido. É a prova de que somos capazes e merecemos mais espaço”, completa.

Companhia de Urbanização de Goiânia (Comurg) – Prefeitura de Goiânia