O Consultório na rua foi instituído pela Política Nacional de Atenção Básica do Ministério da Saúde em 2011. O foco é dar assistência à população em situação de rua, considerada pelo Ministério da Saúde como aqueles que fazem da rua seu espaço de vida privada, utilizando locais públicos e áreas degradadas como espaço de moradia e de sustento, de forma temporária ou permanente, assim como abrigos e albergues para pernoite ou moradia provisória.

Em Goiânia, a prefeitura, por meio da Secretaria Municipal de Saúde, atua no programa com cinco equipes, que saem às ruas diariamente pela manhã, tarde ou noite para realizar o atendimento. O trabalho é realizado em várias regiões da cidade por multiprofissionais, como enfermeiros, psicólogos, assistentes, educador físico e social, odontólogo e médicos, de forma itinerante e de acordo com as necessidades e cotidiano das pessoas em situação de rua. O trabalho é feito em parceria com a Secretaria Municipal de Assistência Social (Semas).

“O objetivo é ampliar o acesso dessas pessoas aos serviços de saúde e oferecer cuidado contínuo por meio de um vínculo com o paciente”, explica a gerente de equidade da SMS, Mônica Maranhão. As ações dos profissionais vão desde o primeiro diagnóstico ou um curativo no local até o acompanhamento nos casos de doenças crônicas e dependência química, de maneira integrada com as Unidades Básicas de Saúde (UBS), Centros de Atenção Psicossocial (Caps) e Urgência e Emergência.

A prefeitura ampliou o serviço passando de duas para cinco equipes do Consultório na rua. Segundo o coordenador do programa, Marcelo Spada, cerca de 70% das pessoas atendidas são de moradores fixos da própria cidade e 30% de pessoas consideradas flutuantes, que estão em Goiânia temporariamente. Só nos 10 primeiros dias de 2020, cerca de 50 pessoas foram atendidas e a média mensal é de cerca de 200 pessoas. “Temos muitos resultados positivos com esse acompanhamento. Alguns são curados de muitas doenças como, por exemplo, uma tuberculose ou sífilis. Temos casos em que o indivíduo voltou para casa com a nossa intermediação. É claro que não são 100% de resultados positivos, mas conseguimos amenizar bastante a dor de quem está nessa situação”.

O educador social concursado Eduardo de Matos é um exemplo de transformação e superação. Ele já foi atendido pelo Consultório na rua e hoje trabalha no programa ajudando outras pessoas. Em breve, Eduardo vai concluir o curso superior em psicologia. “É imprescindível que este tipo de assistência exista, pois a saúde básica é questão de sobrevivência e ressignificação da vida de quem está em situação de rua”, afirma Eduardo.

Adriana Moraes, editoria de Saúde