Com apoio da Prefeitura de Goiânia, exposição “Kieza: de onde eu venho” entra em cartaz
Última atualização em 14 setembro 2021 às 14h48
Mostra homenageia cinco mulheres pretas goianienses

A Prefeitura de Goiânia, em parceria com o Governo de Goiás, realiza nesta quinta-feira (16/9), às 16h, lançamento da exposição “Kieza: de onde eu venho”. A mostra, organizada pela Secretaria Municipal de Direitos Humanos e Políticas Afirmativas e pela Secretaria de Cultura de Goiás, ficará em cartaz até 1 de outubro, das 9h às 17h.
A exposição
Há em Goiânia uma potente identidade negra. Esta identidade é construída pela força e atuação especialmente de mulheres pretas nos mais diversos espaços. A exposição “Kieza: de onde eu venho” traz a ilustração de Alex Katira de cinco mulheres pretas goianienses que com suas histórias pintam a cidade de forma a evidenciar o combate ao racismo, a luta pela valorização estética, cultural, religiosa e política deste grupo e a resignificação das lutas de seus antepassados para a potência que suas próprias histórias sinalizam.
Segundo a Secretária de Direitos Humanos e Políticas Afirmativas, Cristina Lopes, “a exposição é uma das ações da Prefeitura de Goiânia para fomentar e fortalecer os saberes e história das mulheres pretas.
Conheça as mulheres homenageadas:
Valéria é fundadora do grupo de Congada 13 de Maio e é Iyalorisá Valéria Ti Yeomonjá. Com a congada, é precursora de um movimento de afirmação das mulheres nos espaços de liderança.
Anadir Cesária é assistente social, uma das coordenadoras do Grupo de Mulheres Negras Dandara no Cerrado e trabalhadora da Comurg, onde coordena o Núcleo de Promoção e Inclusão Social da companhia. Anadir acredita que do lixo ao lucro é um pulo. Defensora de um modo de vida mais sustentável, mais verde e colorido, se despediu do marido vítima de Covid recentemente e segue reafirmando a importância de políticas públicas de cuidado e atenção à população preta.
Naya Violetta é a primeira estilista do Centro-Oeste a participar da São Paulo Fashion Week (SPFW). Naya escolheu morar em Goiânia e construir uma nova concepção sobre moda e ancestralidade por confiar que a moda também é uma passarela para importantes questões. A estilista chegou à SPFW por meio do projeto Sankofa, que leva oito marcas pretas para estrear no maior evento de moda do país.
Em memória: Durvalina Lopes Machado, Mãe Biloca é uma Mestra do Samba de Roda. Seu pai, o grande Mestre Bimba, é referência nacional na capoeira. Para ela, o samba de roda era a principal ferramenta de acolhimento, empoderamento, combate ao racismo, sexismo e à intolerância religiosa. Ativista do movimento negro, madrinha do Batucagê na Serrinha, fundou o coletivo Sambadeiras de Bimba Filhas de Biloca em Goiânia. Seus passos estão marcados em muitos lugares do país com núcleos de Sambadeiras ou memórias de sua passagem por várias cidades do Brasil e do exterior.
Em memória: Dona Dalva foi presidente da Associação da Vila Morais, bairro onde passou a maior parte de sua vida. Participou da fundação do Conselho Consultivo das Associações de Bairro e marcou os anos 80 articulando junto ao então Governo do Estado Henrique Santillo a fundação dos Cais, Ciams e outras unidades de saúde e assistência social que viriam a ser os CRAS. Dona Dalva fundou a Escola de Samba Flora do Vale, na Vila Morais, região Leste de Goiânia e colocava o bloco na rua em todo carnaval. As tradições de origem angolana e indígenas com o povo Tapuya, a levou à fundação da Comunidade Visual Ilê, que juntamente com a Escola de Samba Flora do Vale, fez história no movimento negro e de mulheres, do samba, das congadas e das religiões de matriz africana no Estado.
O ilustrador: Alex Katira
Há dezesseis anos Alex Almeida é conhecido na cena cultural e artística goiana como Katira. A assinatura nasceu de seu amor pelas manifestações tradicionais de um Goiás profundo, que nas roças se esconde e se revela.
Suas primeiras experiências com a arte estão totalmente atreladas à vida do sertanejo, do povo do campo e seus ritmos. A viola caipira e o sapatear dos dançadores de catira mudaram o modo de viver e pensar do menino que ao mesmo tempo em que vivia as mais belas manifestações da cultura popular brasileira, também se apaixonava pelo movimento punk. Na adolescência, já fazia exposições com telas, dedilhava músicas de punk rock em seu baixo e fotografava, mas foi como ilustrador que encontrou a forma de expor seus sentimentos de forma mais clara.
Sua formação artística vem daí. Autodidata, ilustra as causas que o impulsiona. Um artista livre e ativista que mais tarde formou-se em jornalismo, fotografia e design gráfico. Hoje, aos 32 anos, o goianiense usa sua arte para expressar suas ideias e verdades.