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Latinhas de cerveja, sacolas plásticas, embalagens de leite longa vida e caixas de papelão. Esses, dentre outros materiais recicláveis, foram objetos utilizados pelo artista Manoel Santos para confeccionar sua arte urbana em plena praça pública. O artista visual participou da abertura do 1º Drive-Thru Lixo Zero Goiânia, que aconteceu nesse sábado (14/8), na Praça Universitária.

Durante o evento, Manoel Santos montou um jacaré de 4 metros de comprimento para chamar atenção dos participantes. Segundo ele, o objetivo é contribuir para que as pessoas tenham mudança de hábito e comecem a cuidar melhor da cidade. “O mais importante é diminuir o consumo, gerar menos lixo, e com isso contribuir para a preservação da vida”, disse.

Manoel é artista plástico primitivista e servidor da Companhia de Urbanização de Goiânia (Comurg). Sua arte expressa situações do cotidiano, muitas delas vividas na rua, já que ele exerce a função de gari. O artista faz críticas bem humoradas às injustiças sociais e faz questão de indicar a melhor forma de aplicação do direito à cidadania.

A técnica utilizada por ele é o “naif”, que significa ingênuo, primitivo e espontâneo. Na descrição de sua performance, Manoel diz que os olhos, que foram feitos com embalagens de pizza, são bem lúdicos, mas também lembram a arte caricata. “A boca do jacaré representa um animal que está engolindo a poluição ambiental feita pelo homem”, explica.

Com mais de 30 anos no meio artístico, com reconhecimento mundial, Manoel comenta que é possível utilizar qualquer objeto ou resíduo como forma de expressão. ”Reutilizar material é também uma boa maneira de fazer arte”.

O artista, mesmo sendo renomado pelos pincéis, nunca deixou de cuidar do Cerrado goiano e, ao comentar sobre a profissão de gari, diz que varrer as ruas de Goiânia é como “pintar o sete”. “Ser gari é o mesmo que ser artista, é uma labuta todo dia debaixo de sol e chuva”.

 Silvio Soũls, da editoria de Urbanização
Fotos: Luciano Magalhães Diniz